Estimados irmãos, desde o dia 27 de dezembro, quando recebi a notícia do Consulado Geral de Espanha em São Paulo que poderia viajar, pois meu visto teria sido aprovado, o coração bateu forte e um friozinho na barriga me acometeu: “enfim irei à Espanha para uma experiência missionária”. Muito me alegro em poder estar aqui, pois este é um projeto que venho amadurecendo desde 2009, quando, por ocasião da ordenação sacerdotal do Pe. Wagner Apolinário, conheci ao Pe. Macário e um grupo de leigos e leigas, que participou da animação missionária naquela data. Encantei-me pelo dinamismo e alegria estampados naqueles rostos e pelas coisas que disseram a respeito de seu trabalho aqui em Espanha. Estava em meu último ano de Filosofia e fiquei tão entusiasmado que chegando em casa disse ao reitor da comunidade: “quero ir a Espanha, morar, estudar e viver a missão lá”, desde então com o auxílio dos formadores, de confrades, amigos e amigas, rezei e esperei pela oportunidade de realizar este projeto.
A Espanha, Portugal, Estados Unidos, sempre foram lugares que atraiam inúmeros jovens da minha cidadezinha de Itanhém, com o sonho de construir uma vida melhor, oportunidades de trabalho, e assim centenas de pessoas de lá saíram. Com a crise econômica que assola o mundo inteiro, sobretudo a Europa, os sonhos se tornaram dramas de imigrantes que se vêem sem dinheiro, sem pátria, sem esperanças, e quando descobri que a província de Espanha realizava um trabalho pastoral de auxílio a estas pessoas, não hesitei em confirmar minhas motivações.
Depois de dois anos estudando a Teologia no Instituto Teológico São Paulo – ITESP onde pude conhecer a realidade de um Deus que optou por sair das nuvens e caminhar com as pessoas, um Deus imigrante, que não está estático em fórmulas estéreis, mas é vivo e caminha conosco e em nós, me perguntei como as pessoas que estão na ruas, pelas praças, imigrantes e excluídos, sentem a presença de Deus, como Ele se apresenta a eles, e por isso, definitivamente resolvi buscar um contado com aqueles que estão próximos a estas pessoas, e pelo menos tentar ser uma mão amiga e ouvidos abertos à suas histórias de vida.
Estar aqui, convivendo com irmãos de nacionalidades diferentes, conhecendo uma cultura diferente, é ao mesmo tempo um grande desafio e uma grande alegria, que só afirma que pela linguagem do amor, podemos testemunhar ao mundo que vale a pena viver, e promover a vida.
Agradeço desde agora ao Pe. Adolfo e ao meu compatriota Weder pela recepção e à comunidade do Acueducto, minha nova casa, pela acolhida carinhosa e sincera. E de modo especial, expresso minha gratidão à SVD, que nos permite partilhar a vida e a internacionalidade, como parte de nosso carisma e vocação.